Quando amanheceu e percebi que era dezembro mais uma vez, senti aquele frio que corta a costela e faz os ossos estalarem. Amanheci em dezembro denovo. Mais um ano, já são 26. O que vou fazer com o amontoado de tempo acumulado no corpo ainda não sei, principalmente porque minha alma não acumula nada, ela flutua pelo tempo como se ele não existisse ou pelo menos como se sua carga de consistência não pudesse alcançá-la, ora é bucólica infância revisitada ora é juventude insana e latente. Claro, a alma é imortal, diria o poeta, contudo eu vou mais longe, a alma vive o tempo que decide viver, a alma é uma forma discreta de conciência. Quando dezembro chegou nesta manhã estremeci como quem não sabe o que vai acontecer com o próximo mês, dezembro muda tudo, é o tempo limítrofe, é a guinada certa, dezembro sempre anuncia o desconhecido.

Quando vi que era dezembro quase corri para o interior da infância no aconchego da virgem inocência, mas fiquei aqui, no tempo presente para ver o que acontece agora que não é rebeldia nem bucolismo o tempo que vivo, é paciência adulta de quem paga para ver a vida e o que acontece!

2 comentários:

Elaine disse...

Adoro a linda menina, sapeca e apaixonada por doces.
Me encanto com a mulher fogo, a diaba que é paradoxalmente anjelical.
Ai o tempo!
ferrugem que corrói a embalagem e aperfeiçoa a essência, filho da puta!

Rodrigo disse...

É um triste capricho que dezembro seja em pleno verão. As folhas que caem e a vida que se renova não merecem isso.