Acordou de um doce sonho sem entender porque despertara, ainda estava com sono e sonhava com algo bom, mas bastou caminhar um pouco e sentiu que seu ventre doía agudamente. Caminhou devagar até o banheiro, não entendia que dor era aquela. Tentou vomitar, mas nada saia de dentro de seu corpo. Caminhou escorando-se pela parede até a sala e sentou-se no sofá, estava desolada e sozinha. Preocupou-se com a possibilidade de estar doente, “seria apenas uma dor passageira?”, se perguntava. Talvez não fosse nada, talvez o ideal seria se acalmar e esperar que passasse.
Sim, esperaria, deitou-se e decidiu pensar em algo para tentar esquecer as fisgadas que sentia. Deveria distrar-se com pensamentos fúteis. Não tinha nada em mente. A dor torturava a moça que ficava fatigada apenas por ter acordado. Algo no dia a perturbava, talvez a claridade. Era degradável para ela levantar-se, tudo o que queria era dormir pelo dia todo, sonhar com chocolates recheados de coco, e à noite ir até a praia e banhar-se no mar escuro. Isso sim lhe agradava, o mar. Não entendia direito aquela relação que estabelecera com o que lhe dava a mais perfeita definição do infinito, o mar. Então dispôs-se a pensar em como gostava de nadar a noite.
Quando entrava na água sentia um medo agradável. Despia-se por completo, e caminhava lentamente, sentindo o gelado do chão, adorava a textura daquele chão, o que só a praia à noite podia oferecer para ela. Quando as águas estavam calmas adentrava devagar e com muita cautela até a parte mais profunda, onde seus pés não tocassem o macio chão de areia, e então se deixava submergir para conceber a que distância encontrava-se do fundo, buscando o medo que se entregar às águas lhe proporcionava. Quando o mar estava violento, ela caminhava lutando contra as ondas que batiam em seu corpo como se estivessem a se defender de uma intrusa, e, no instante em que sentia que ficara em harmonia com o mar, ela adentrava até o fundo, até onde seus pés sentissem apenas água, até não tocarem mais o chão, e nadava, mergulhava e voltava a tona, em seus momentos de maior paz ela ficava por minutos ininterruptos boiando, sem tomar o menor cuidado com a possibilidade de desaparecer para sempre ali. Ela pensava neste seu ritual noturno como um exercício de humildade diante da natureza, nunca gostara das pretensas condutas humanas que acreditavam domar este universo tão maior que o homem. Então, freqüentemente ia até o mar à noite e mergulhava, à noite sim, para que ninguém a socorresse se por qualquer razão fosse levada para o infinito mais perfeito. E quando sentia que já exercera toda sua humildade, nadava até a praia de novo e ia para casa, sentindo que seu corpo não lhe pertencia, mas que pertencia ao todo.
Depois de ficar pensando nestas coisas percebeu que não estava mais sentindo nenhuma dor. Fechou os olhos e dormiu, dormiu para acordar a noite e ir visitar o mar, nadar, mergulhar e esperar que um dia aquelas águas a levassem para um lugar onde a maravilhosa noite fosse eterna e ela pudesse permanecer nadando em um instante sem fim.
Sim, esperaria, deitou-se e decidiu pensar em algo para tentar esquecer as fisgadas que sentia. Deveria distrar-se com pensamentos fúteis. Não tinha nada em mente. A dor torturava a moça que ficava fatigada apenas por ter acordado. Algo no dia a perturbava, talvez a claridade. Era degradável para ela levantar-se, tudo o que queria era dormir pelo dia todo, sonhar com chocolates recheados de coco, e à noite ir até a praia e banhar-se no mar escuro. Isso sim lhe agradava, o mar. Não entendia direito aquela relação que estabelecera com o que lhe dava a mais perfeita definição do infinito, o mar. Então dispôs-se a pensar em como gostava de nadar a noite.
Quando entrava na água sentia um medo agradável. Despia-se por completo, e caminhava lentamente, sentindo o gelado do chão, adorava a textura daquele chão, o que só a praia à noite podia oferecer para ela. Quando as águas estavam calmas adentrava devagar e com muita cautela até a parte mais profunda, onde seus pés não tocassem o macio chão de areia, e então se deixava submergir para conceber a que distância encontrava-se do fundo, buscando o medo que se entregar às águas lhe proporcionava. Quando o mar estava violento, ela caminhava lutando contra as ondas que batiam em seu corpo como se estivessem a se defender de uma intrusa, e, no instante em que sentia que ficara em harmonia com o mar, ela adentrava até o fundo, até onde seus pés sentissem apenas água, até não tocarem mais o chão, e nadava, mergulhava e voltava a tona, em seus momentos de maior paz ela ficava por minutos ininterruptos boiando, sem tomar o menor cuidado com a possibilidade de desaparecer para sempre ali. Ela pensava neste seu ritual noturno como um exercício de humildade diante da natureza, nunca gostara das pretensas condutas humanas que acreditavam domar este universo tão maior que o homem. Então, freqüentemente ia até o mar à noite e mergulhava, à noite sim, para que ninguém a socorresse se por qualquer razão fosse levada para o infinito mais perfeito. E quando sentia que já exercera toda sua humildade, nadava até a praia de novo e ia para casa, sentindo que seu corpo não lhe pertencia, mas que pertencia ao todo.
Depois de ficar pensando nestas coisas percebeu que não estava mais sentindo nenhuma dor. Fechou os olhos e dormiu, dormiu para acordar a noite e ir visitar o mar, nadar, mergulhar e esperar que um dia aquelas águas a levassem para um lugar onde a maravilhosa noite fosse eterna e ela pudesse permanecer nadando em um instante sem fim.
Um comentário:
perdoe a minha singularidade, mas me perco nessa onda do coletivo, mergulho... silêncio! ela passa venho à tona... e penso: onde estar a minha técnica para nadar, dou braçadas quase buscando um circulo, abandono a idéia de retorno e nado paralelo a areia. corvade? vida? só eu sei em q praia estou pensando...
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