Seu corpo arrastava-se por cima do dela completamente desprovido de alguma forma de coordenação, tudo nele era ao vento, as mãos pareciam guiar-se ao acaso, sendo lançadas longe pelos fortes braços que cortavam o ar alcançado a pele branca que maliciosamente prostava-se em sua direção. A mulher, estranhamente lúcida, nada fazia além de deixar-se tocar pelo outro, deixar-se ao sabor daquele que a desejava com insana voracidade. Ambos estavam bêbados, contudo a mulher conservava capacidade de ver o que se passava, estava atenta ao que ele fazia, atenta e entregue. O homem não abria os olhos, estava completamente distante de sua própria vida, apenas mexia-se em cima da cama como um animal sedento e desgovernado à procura instintiva daquilo que necessitava. Os movimentos dele obedeciam a um impulso primitivo, guiado por um tendência natural que independia da visão. A boca alcançava o pescoço feminino certeiramente, depositando ali rosnados de fúria sexual. Algo de mais primário, inicial de um ser estava evidente nele aquela noite de embriagues. O homem não era consciência, não era ego, não era uma história, não era nada além de um corpo. Ele era a pulsão mais íntima de vida. Era sexo cego, pleno, puro.
4 comentários:
Olá,natali..adorei seu blog..vou divugar,claro se for de sua concepção..conheço uma galera que vai gostar
Li mais um belo conto...realidade cruel que vive a maioria das mulheres sedentas de alguma coisa, que nem perto deamor se traduz....e vc o disse muito bem. Beijosss
é nega, apesar de ter gostado do seu texto grande, o anterior a este, ainda prefiro os miúdos.
A arte de dizer bem e dizer pouco.
A Vera Helena leu o mesmo texto que eu? Será?
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