Escrever é assim: primeiro você se sente sozinha, muito sozinha, passa a ter apenas com seu diário aquelas conversas sobre seus mais íntimos medos. Então já se instaura em ti alguma forma mágica de suportar a vida, transformando as desventuras em histórias, por enquanto suas. A tristeza é fundamental neste processo, se não para superá-la, é para exaltá-la. A tristeza motiva a catarse, leva à escrita libertadora. Você não resiste e começa a ultrapassar as barreias do caderno velho feito de diário. Você não suporta mais o branco das páginas, você precisa pintar tudo com palavras. A solidão só aumenta, você vicia. Passa a não mais saber falar, apenas escrever. Você tenta a vida coletiva por medo da loucura de conversar apenas consigo mesma. Você tenta a convivência, mas devagarzinho percebe que nessas horas, nessas tentativas de superar a solidão você não está convivendo sinceramente, você está coletando as vidas dos outros para escrever sobre elas. Você não se agüenta e fantasia tudo, transforma os gestos em grandes aventuras de amor, os temperamentos em personagens incríveis de seu mundo onírico. Escrever é assim, é perder a linha da realidade, é deixar-se triste para com letras se alegrar. É como um engodo para pessoas que desaprenderam alguma coisa fundamental, mas que desenvolveram sua própria forma de vida!
3 comentários:
to gostando tanto de suas tristezas, de suas escretas...
Me vi!
quanta verdade em tudo o que você disse, quando mesmo escritores profissionais não conseguiriam dizer tão bem
nessa história que escrevi, sobre o tango, fala-se muito sobre tristeza
http://cracolandia666.multiply.com/journal/item/2/Besos_Que_Matan
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