Sobre a saudade tenho a dizer que é o mais belo e inútil sentimento. Não traz ninguém de volta, não leva ninguém ao lugar nostálgico. Sobre a saudade tenho a dizer que é o sentimento mais nobre e devastador de um coração, ela é dura e suave. É um demônio a saudade, invasora e perpétua. A saudade tem dilacerado meu coração, esse órgão de meu corpo que parece envelhecer mais rápido que o resto todo. Meu coração está ficando velho, cansado, transbordante de saudade, sentimento que não muda nada. Vejo as pessoas com seus pares brindando o amor, vejo as galeras com seus comuns entregando-se a algazarras e me vejo dentro do ônibus voltando sozinha para casa. Pela ladeira escura que leva à minha morada gatos me acompanham, felinos sempre noturnos, eles são sábios, estão ao meu lado, contudo mantêm uma distância segura de mim. Eu chego, abro o portão, eles sabem de minha amizade por eles, esperam pacientemente. Eu sirvo seu jantar, me afasto, eles se aproximam e comem sem tirar seus olhos espertos de cima de mim, os felinos são prudentes. Os humanos não.