À sombra dos objetos que carrego

Nesta manhã chuvosa, neste café quente, sentada à mesa repouso meu silêncio em solidão e desejos latentes. Nada além desse sinuoso sentimento se sobrepõe à minha casa vazia. Minhas principais companhias, os ratos noturnos, as aranhas pelos cantos, apenas eu em meu quieto pranto a observar outras formas de vida. Uma paciência me acompanha, e nas tardes de domingo abandonada à preguiça, consigo arrancar de mim um pouco de otimismo com a outra vida que se desenha. A casa nova parece manter traços antigos, alguma persistente forma me acompanha, eu me sigo pelas sombras dos objetos que carrego comigo. Releio diários da infância, páginas adolescentes e agora, cá estou tentando entender o lugar que minha palavra já ocupou. Não me tenho ainda, embora mantendo essa batalha que nunca se finda, não me tenho ainda. Continuo com o primeiro plano, ser inteira, caminhar firmemente sem enganos. Aceitando as limitações do corpo, tento não superdosar no engodo. E continuo... sempre como uma pedra rolando.

2 comentários:

Priscila Milanez disse...

Que coisa bonita, Natali! Espero, em breve, voltar a publicar por aqui tb. Mas faltam menos de quinze dias pra minha defesa. E enfim, finda-se um ciclo. E meu fôlego criativo, expressivo voltará a ser canalizado para as coisas que me fazem pulsar, de fato. Entre elas, meus escritos! Beijos, querida.

Elaine disse...

Lindo!