Minha loucura cotidianamente castigada

Eu já sabia que poderia chover, por isso não queria sair de casa, a água pode molhar minha cama, a torneira da pia vaza. Acho que mais uma dose de café, a cafeteira preparada. Nada comi até então, a não ser minhas unhas pintadas. A tela brilha mais que o sol, que, despedindo-se, deu espaço para minha mágoa: tire sua luz do meu caminho que eu quero passar com meu ardor! Na chuva, vou para a rua escura banhar minha flor, a garganta quente, a convalescença latente, a vontade constante, as costas molhadas, o pulmão reclama pela promessa quebrada. Eu vou para a rua, preciso, sou exata, quero o mel que escorre branco feito nevadas. Pelas frestas, pelas setas, pelas pernas, pelas selvas... A boca já não chama, apenas tosse, tosse, tosse. A vida se desarranja, e fode, fode, fode. Minha loucura cotidianamente castigada. Minha cura, minha falta. Minha voluptuosidade fracassada. Meu desespero por ser achada, minha indecência já condenada. Ai, essa minha convalescença ainda me mata!

4 comentários:

camila disse...

adorei o novo visual do blog!!!
não mandou pro meu email né... mas vim conferir aqui
o texto está ótimo

Rodrigo disse...

Muito impactante esse visual... traz uma certa sensaçao forte deaguma coisa inexplicável, mas gostosa, Adorei as mudanças!

e essa foto...

Patricia disse...

incrível como isso tudo ficou a sua cara!
o vermelho, o trecho de Garcia Marques.
adorei!

fernanda disse...

Foda, muito foda!