“Estranhamente, com um olhar caído e desolado, caminhou até a cadeira velha que ficava encostada em um canto desabitado do antigo casarão - esquecida por todos, descuidada de qualquer manutenção ou limpeza - e por lá mesmo sentou-se. Ali encontrou o conforto que estava a procurar. Não que aquela cadeira comportasse seu peso e formato com precisão ou equilíbrio, nenhuma almofada era responsável pela sensação que agora vivenciava, eram outros atributos que faziam daquele acento seu lugar ideal para recostar o cansaço de vinte e quatro anos de existência. Ali depositou a aspereza do desencanto e a calma de quem procura o silêncio e o vazio. Nas espumas velhas e vazantes, no balanço descadenciado e irregular, adormeceu e dedicou-se a um sonho terno, onde algum mel branco lhe inundava a boca e a levava de volta à paz de que tanto carecia naqueles dias de indecisão.”
3 comentários:
estou adorando seus novos textos... uma descrição mais precisa
Sabe o que eu acho? Esse trecho, e vários outros que você já escreveu, se colocados na moldura de um drama ou uma tragédia ou mesmo de uma história de auto-conhecimento, daria numa deliciosa prosa romanceada...
como alguém tão novo pode ter um peso tão grande? as coisas podiam ser menos proporcionais né?
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