Mensagem de Natal

A felicidade dos comuns me é cada vez mais agressiva porque ela é cega e vazia. Criam tanta coisa, inventam tanta história apenas para dizer “venham todos para o mesmo rumo, assim somos humanos, sentiremos isso porque somos fraternos”. Já não consigo ignorar, quero gritar, quero mostrar que nada existe além de nós. Não há, acreditem, nada há. Sua alegria é o maior engano em sua pequena existência. Diz-me, mero respirante, você acredita na fraternidade entre os homens? Acredite em mim, os homens nunca serão fraternos. Dê a eles toda sua vida, entregue-lhes seu amor e verá este escorrer pelo primeiro buraco que vaidade perfurar. A existência é a busca por satisfação, tão ocultada quanto a vontade de matar. Não querem humilhar-se diante de Deus, querem acreditar que Deus os amam. Sua fé é pervertida pelos que a criaram.
Por que se entorpecer pelo sentimento compartilhado se você pode se desprender? Seja único, pois essa sim é uma busca valiosa. A ilusão não é melhor, sempre será mentira. Então se desprenda dessas gargalhadas sem sentido e sorria por sentir um bom perfume, por um corpo entregue a ti. Acredite que viver é mais que consumir, viver é saborear!Liberte-se da mera existência e usufrua da sua condição humana e pequena, mas muito surpreendente.

2 comentários:

Cami Silveira disse...

nat, o extremo entre o título do texto (que mais parece um festejo de um cartão natalino) e a mensagem que o texto realmente quer dizer (uma farsa humana; o pessimismo lúcido; a aceitação da da realidade...) é o que mais me fascinou... a quebra de um sonho de um lúdico... a aceitação nua e crua da realidade... e ainda assim continuar vivendo...
não posso deixar de lembrar de "ensaio sobre a cegueira"... de uma cegueira branca (que indica luz)... como se saíssemos de uma caverna (talvez a caverna de platão) em que a claridade é tão veemente que não conseguimos enxergar por alguns segundos... mas quando a cegueira passa fica a verdade...
que poucos procuram...

Anônimo disse...

Asas partidas, despedaçadas, meu bem, é só isso que comemoram os comuns ao fim de cada ano... nossas asas, ainda que cansadas por tantas tentativas frustradas de alçar voô, ao menos não irão atrofiar...